Cansada, cansada, cansada. Essa palavra é a expressão
do meu sentimento atual. Cansada de uma humanidade tão hipócrita. Tão
rude e insensível. Às vezes me pergunto o porquê de fazer parte
desse povo, o porquê de ser rodeado por pessoas assim. Estou lendo
um livro intitulado: “O futuro da humanidade”, de Augusto Cury. Apenas iniciei a leitura, e já estou ficando apavorada
com os seres ditos humanos. Como podem ser tão xenofóbicos, tão
preconceituosos, tão mesquinhos, tão miséraveis?!
Hoje, na aula de geografia, meu
professor falou sobre fome e miséria. Destacou o fato de que um grande número de pessoas
faz parte desse segmento da sociedade, que passa fome e que vive
literalmente na miséria. São os conhecidos moradores de rua. Discriminados,
por serem considerados mendigos, e porque a grande maioria é afro
descendente. Sendo tratados pejorativamente como: "aquele neguinho
ali".
Por outro lado, existem aqueles que não conhecem
essa vida de fome e miséria, que come do bom e do melhor, que é realizada em sua
vida acadêmica e profissional. No entanto, acredito que vivem em uma miséria
maior: falta de amor, de carinho, de compaixão. Têm tudo o que desejam, mas
falta-lhes luz.
Para exemplificar esse meu sentimento, gostaria de
fazer uma comparação entre duas tragédias. A primeira se trata do incêndio da
boate Kiss, na cidade de Santa Maria – RS, na madrugada do dia 27 de janeiro de
2013, que abalou o país. Também fiquei muito abalada, pois sou
de carne e osso, e tenho coração. Muitos jovens, apenas no início da vida, morreram de
forma trágica. Perderam suas vidas, no ambiente em que estavam se divertindo.
É triste saber que, segundo comentários, a última
frase que a mãe de uma das vítimas ouviu de sua filha foi: “te odeio,
mãe! Vou para a boate”. É triste saber que, muitos desses jovens, morreram pressionados
contra grades; outros, pisoteados; outros, por inalar fumaça
química. Finalmente, para piorar o horror da situação, muitos morreram queimados pelo fogo
incontrolável.
Porém, há outra tragédia que vem se repetindo ano
após ano, caso você não saiba: um número muito maior de pessoas
estão morrendo por falta de ÁGUA. Pela SECA. Coloquei em letras garrafais pois
esse assunto, por mais que pareça insensível de minha parte, é muito mais
GRITANTE do que esse infeliz acontecimento. Mas isso ninguém vê. Pela seca
ninguém chora. Pela falta de chuva, ninguém se dá o direito de pelo menos orar
e pedir que Deus mande chuva para o sertão. Isso a mídia não bota nos jornais.
Não faz enquete, não faz ações voluntárias. Ao contrário, e aqui reside
o motivo maior de minha indignação, fazem-se piadas de mau gosto.
Pessoas morrendo de sede, animais morrendo por falta de água e comida,
plantações secas, são motivos de chacotas.
A crueldade humana é sem limite. Uma pessoa,
provavelmente moradora de Santa Maria, indagou o porquê de o acontecido
não ter ocorrido na Paraíba! Alegou, de forma bastante preconceituosa, que as pessoas do Nordeste não têm
pensamentos, pois não têm cérebro, são burras.
O que essa pessoa possivelmente não tem
conhecimento, é que o Nordeste é a região que mais está ajudando as vítimas
dessa tragédia; a exemplo dos pernambucanos, que estão doando peles
para as pessoas queimadas. Isso ninguém vê. Sabe por quê? Porque não
é tão importante. É mais importante para a mídia, passarem seu tempo no ar só falando sobre o
incêndio. Dão-se ao trabalho de ir à Santa
Maria filmar a boate queimada, aos cacos. Mas não se dão ao trabalho
de vir às regiões assoladas pela seca, e onde as pessoas estão clamando por ajuda já faz um bom
tempo! Isto não é importante para a mídia. E a mídia me dá
arrepios. Nojo.
Enquanto
isso, cabeças de gados estão por toda parte em vários sertões. Enquanto isso,
pessoas estão sem o que comer por falta de chuva em suas plantações. Enquanto
isso, esta parte do Brasil, espera por ajuda.
É por essas e outras que estou cansada. E me pergunto: Até quando? Até quando vamos ficar olhando para o nosso
próprio umbigo, estacionados em
nossa zona de conforto? Até quando vamos ignorar assuntos como esses? Até
quando?

Muito bom!
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