terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A parte que a mídia não vê



Cansada, cansada, cansada. Essa palavra é a expressão do meu sentimento atual. Cansada de uma humanidade tão hipócrita. Tão rude e insensível. Às vezes me pergunto o porquê de fazer parte desse povo, o porquê de ser rodeado por pessoas assim. Estou lendo um livro intitulado: “O futuro da humanidade”, de Augusto Cury. Apenas iniciei a leitura, e já estou ficando apavorada com os seres ditos humanos. Como podem ser tão xenofóbicos, tão preconceituosos, tão mesquinhos, tão miséraveis?!
Hoje, na aula de geografia, meu professor falou sobre fome e miséria. Destacou o fato de que um grande número de pessoas faz parte desse segmento da sociedade, que passa fome e que vive literalmente na miséria. São os conhecidos moradores de rua. Discriminados, por serem considerados mendigos, e porque a grande maioria é afro descendente. Sendo tratados pejorativamente como: "aquele neguinho ali".
Por outro lado, existem aqueles que não conhecem essa vida de fome e miséria, que come do bom e do melhor, que é realizada em sua vida acadêmica e profissional. No entanto, acredito que vivem em uma miséria maior: falta de amor, de carinho, de compaixão. Têm tudo o que desejam, mas falta-lhes luz.
Para exemplificar esse meu sentimento, gostaria de fazer uma comparação entre duas tragédias. A primeira se trata do incêndio da boate Kiss, na cidade de Santa Maria – RS, na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, que abalou o país. Também fiquei muito abalada, pois sou de carne e osso, e tenho coração. Muitos jovens, apenas no início da vida, morreram de forma trágica. Perderam suas vidas, no ambiente em que estavam se divertindo.
É triste saber que, segundo comentários, a última frase que a mãe de uma das vítimas ouviu de sua filha foi: “te odeio, mãe! Vou para a boate”. É triste saber que, muitos desses jovens, morreram pressionados contra grades; outros, pisoteados; outros, por inalar fumaça química. Finalmente, para piorar o horror da situação,  muitos morreram queimados pelo fogo incontrolável.
Porém, há outra tragédia que vem se repetindo ano após ano, caso você não saiba: um número muito maior de pessoas estão morrendo por falta de ÁGUA. Pela SECA. Coloquei em letras garrafais pois esse assunto, por mais que pareça insensível de minha parte, é muito mais GRITANTE do que esse infeliz acontecimento. Mas isso ninguém vê. Pela seca ninguém chora. Pela falta de chuva, ninguém se dá o direito de pelo menos orar e pedir que Deus mande chuva para o sertão. Isso a mídia não bota nos jornais. Não faz enquete, não faz ações voluntárias. Ao contrário, e aqui reside o motivo maior de minha indignação, fazem-se piadas de mau gosto. Pessoas morrendo de sede, animais morrendo por falta de água e comida, plantações secas, são motivos de chacotas.
A crueldade humana é sem limite. Uma pessoa, provavelmente moradora de Santa Maria, indagou o porquê de o acontecido não ter ocorrido na Paraíba! Alegou, de forma bastante preconceituosa, que as pessoas do Nordeste não têm pensamentos, pois não têm cérebro, são burras.
          O que essa pessoa possivelmente não tem conhecimento, é que o Nordeste é a região que mais está ajudando as vítimas dessa tragédia; a exemplo dos pernambucanos, que estão doando peles para as pessoas queimadas. Isso ninguém vê. Sabe por quê? Porque não é tão importante. É mais importante para a mídia, passarem seu tempo no ar só falando sobre o incêndio. Dão-se ao trabalho de ir à Santa Maria filmar a boate queimada, aos cacos. Mas não se dão ao trabalho de vir às regiões assoladas pela seca, e onde as pessoas estão clamando por ajuda já faz um bom tempo! Isto não é importante para a mídia. E a mídia me dá arrepios. Nojo.
        Enquanto isso, cabeças de gados estão por toda parte em vários sertões. Enquanto isso, pessoas estão sem o que comer por falta de chuva em suas plantações. Enquanto isso, esta parte do Brasil, espera por ajuda.
         É por essas e outras que estou cansada. E me pergunto: Até quando? Até quando vamos ficar olhando para o nosso próprio umbigo, estacionados em nossa zona de conforto? Até quando vamos ignorar assuntos como esses? Até quando?

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