Uma noite de apostas

Eram exatamente onze e meia da noite quando as apostas começaram. Sentado no meio do salão, seu coração bateu rapidamente, vendo que o prêmio seria um jantar com a mulher que mais amara. E ele sabia que, aquela chance que outrora perdera, não poderia deixar escapar outra vez. Muitos rapazes estavam dando seus lances. Ele também.

Mas naquele salão de festa, quem iria ser premiado é quem desse o lance mais alto. Um fato preocupante, pois, não tinha lá muitas posses..

- Três mil para sair com essa linda moça! , disse um rapaz muito bem arrumado.

- Três mil, quem dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas..., desafiou o animador da festa.

E assim, a cada lance, as ofertas aumentavam. A tal ponto que seus recursos se tornaram insuficientes.

- Dez mil, quem dá mais?  Dou-lhe uma, dou-lhe duas...

Sabendo que não poderia dar mais, desistiu. Desistiu daquilo que mais amara, que sempre sonhou em ter, mas que por um vacilo, perdeu. Decepcionado com ele mesmo por ter perdido mais uma vez, levantou-se, decidido a voltar para casa, quando ouviu a voz entusiasmada do animador, dizendo:

- Jantar vendido ao sortudo que ofereceu dez mil reais! 

Nesse momento, com o coração apertado, viu o amor de sua vida indo embora. Aquelas mãos que outrora entrelaçavam-se às suas, estavam se entrelaçando a outras mãos. Como nada mais podia fazer, foi embora. 

Quando, de repente, seu telefone toca. Era o despertador. Debruçado em sua cama, percebendo que tudo não passava de um sonho, virou-se. Ao seu lado, viu a mulher amada dormindo tranquilamente. Deu um suspiro de alivio, de satisfação e prazer. 

E, percebendo que já estava atrasado para o trabalho, rapidamente levantou-se. Ouviu uma voz linda e suave, dizendo:

- Amor?

- Oi, amor.

- Bom dia.

- Bom dia!